Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser
evitados. Alguns, no entanto, como ocorrem com maior frequência, merecem
atenção redobrada. Veja os noventa e oito (antes eram cem) mais comuns do
idioma e use esta relação como um roteiro para fugir deles.
1. “Mal cheiro”, “mau-humorado”. Mal opõe-se a bem, e mau, a
bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente:
mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
2. “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é
impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
3. “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também
é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver
muitos casos iguais.
4. “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar,
restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. /
Bastariam dois dias.. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objetos. /
Sobravam idéias.
5. Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser
sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
6. Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou
ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.
7. “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na
frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
8. “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras
redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já
não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
9. “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra
masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de)
Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter.
10. “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita
a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por
que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é
usado nas respostas: Ele se atrasou porque o trânsito estava congestionado.
11. Vai assistir “o” jogo hoje. Assistir como presenciar
exige a: Vai assistir ao jogo, à missa, à sessão. Outros verbos com a: A medida
não agradou (desagradou) à população. / Eles obedeceram (desobedeceram) aos
avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao amigo. / Respondeu à carta.
/ Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
12. Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa
a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível
lutar a morrer sem glória.
13. O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com
vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro
erro: O prefeito prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o
predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denúncias.
14. Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja
outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correta: “paralizar”
(paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio”
(privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinqüenta), “zuar” (zoar),
“frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar),
“benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho”
(empecilho), “envólucro” (invólucro).
15. Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos,
meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas
férias, felizes núpcias.
16. Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles
não podem ser objeto direto. Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair,
mandou-nos entrar, viu-a, mandou-me.
17. Nunca “lhe” vi. Lhe substitui a ele, a eles, a você e a
vocês e por isso não pode ser usado com objeto direto: Nunca o vi. / Não o
convidei. / A mulher o deixou. / Ela o ama.
18. “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito:
Alugam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. /
Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.
19. “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia
nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados.
/ Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.
20. Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem a, e
não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
21. Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no
sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica
responsabilidade.
22. Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai.
Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. /
Trabalho em via de conclusão.
23. Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos.
Veja outros: caracteres (de caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães,
gângsteres.
24. O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito,
assim como circúito, intúito e fortúito (o acento não existe e só indica a
letra tônica). Da mesma forma: flúido, condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.
25. A última “seção” de cinema. Seção significa divisão,
repartição, e sessão equivale a tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral,
Seção de Esportes, seção de brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas,
sessão do Congresso.
26. Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra
masculina: um grama de ouro, vitamina C de dois gramas. Femininas, por exemplo,
são a agravante, a atenuante, a alface, a cal, etc.
27. “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a
partir de.
28. Não viu “qualquer” risco. É nenhum, e não “qualquer”,
que se emprega depois de negativas: Não viu nenhum risco. / Ninguém lhe fez
nenhum reparo. / Nunca promoveu nenhuma confusão.
29. A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se
inaugura: A feira inicia-se (inaugura-se) amanhã.
30. Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome:
Soube que os homens se feriram. / A festa que se realizou… O mesmo ocorre com
as negativas, as conjunções subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. /
Nenhum dos presentes se pronunciou. / Quando se falava no assunto… / Como as
pessoas lhe haviam dito… / Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.
31. O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja
outras confusões desse tipo: O “fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada”
(geminada), “ciclo” (círculo) vicioso, “cabeçário” (cabeçalho).
32. Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde
ele estava. Aonde se usa com verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele
quer chegar. / Aonde vamos?
33. “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a
pessoa: “Obrigada”, disse a moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados
por tudo.
34. O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir.
Assim: O governo interveio. Da mesma forma: intervinha, intervim, interviemos,
intervieram. Outros verbos derivados: entretinha, mantivesse, reteve,
pressupusesse, predisse, conviesse, perfizera, entrevimos, condisser, etc.
35. Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio
louca, meio esperta, meio amiga.
36. “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu.
Para a 3.ª pessoa, o certo é fique: Fique você comigo. / Venha pra Caixa você
também. / Chegue aqui.
37. A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na
verdade, não tem nada a ver ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com
você.
38. A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural, e regular:
A corrida custa 5 reais.
39. Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder, e não tomar por
empréstimo: Vou pegar o livro emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao
meu irmão. Repare nesta concordância: Pediu emprestadas duas malas.
40. Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar
de: Foi tachado de ladrão. / Foi tachado de leviano.
41. Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a
concordância no plural: Ele foi um dos que chegaram antes (dos que chegaram
antes, ele foi um). / Era um dos que sempre vibravam com a vitória.
42. “Cerca de 18″ pessoas o saudaram. Cerca de indica
arredondamento e não pode aparecer com números exatos: Cerca de 20 pessoas o
saudaram.
43. Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz
subjuntivo, assim como embora e talvez: Ministro nega que seja negligente. / O
jogador negou que tivesse cometido a falta. / Ele talvez o convide para a
festa. / Embora tente negar, vai deixar a empresa.
44. Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo:
Tinha chegado atrasado.
45. Tons “pastéis” predominam. Nome de cor, quando expresso
por substantivo, não varia: Tons pastel, blusas rosa, gravatas cinza, camisas
creme. No caso de adjetivo, o plural é o normal: Ternos azuis, canetas pretas,
fitas amarelas.
46. Lute pelo “meio-ambiente”. Meio ambiente não tem hífen,
nem hora extra, ponto de vista, mala direta, pronta entrega, etc. O sinal
aparece, porém, em mão-de-obra, matéria-prima, infra-estrutura, primeira-dama,
vale-refeição, meio-de-campo, etc.
47. Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Queria
namorar o colega.
48. O processo deu entrada “junto ao” STF. Processo dá
entrada no STF. Igualmente: O jogador foi contratado do (e não “junto ao”)
Guarani. / Cresceu muito o prestígio do jornal entre os (e não “junto aos”)
leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não “junto ao”) banco. / A
reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.
49. As pessoas “esperavam-o”. Quando o verbo termina em m,
ão ou õe, os pronomes o, a, os e as tomam a forma no, na, nos e nas: As pessoas
esperavam-no. / Dão-nos, convidam-na, põe-nos, impõem-nos.
50. Vocês “fariam-lhe” um favor? Não se usa pronome átono
(me, te, se, lhe, nos, vos, lhes) depois de futuro do presente, futuro do
pretérito (antigo condicional) ou particípio. Assim: Vocês lhe fariam (ou
far-lhe-iam) um favor? / Ele se imporá pelos conhecimentos (e nunca
“imporá-se”). / Os amigos nos darão (e não “darão-nos”) um presente. / Tendo-me
formado (e nunca tendo “formado-me”).
51. Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco
minutos. Há indica passado e equivale a faz, enquanto a exprime distância ou
tempo futuro (não pode ser substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e
partirá daqui a (tempo futuro) cinco minutos. / O atirador estava a (distância)
pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há (faz) pouco menos de dez dias.
52. Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o
material de que alguma coisa é feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha
de prata, estátua de madeira.
53. A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz,
apenas: A artista deu à luz quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a”
gêmeos.
54. Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos
quatro à mesa. / Éramos seis. / Ficamos cinco na sala.
55. Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é
sentar-se em cima de. Veja o certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao
piano, à máquina, ao computador.
56. Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora
popular, a locução não existe. Use porque: Ficou contente porque ninguém se
feriu.
57. O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por: O time
empatou por 2 a 2. Repare que ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate
por.
58. À medida “em” que a epidemia se espalhava… O certo é: À
medida que a epidemia se espalhava… Existe ainda na medida em que (tendo em
vista que): É preciso cumprir as leis, na medida em que elas existem.
59. Não queria que “receiassem” a sua companhia. O i não
existe: Não queria que receassem a sua companhia. Da mesma forma: passeemos,
enfearam, ceaste, receeis (só existe i quando o acento cai no e que precede a
terminação ear: receiem, passeias, enfeiam).
60. Eles “tem” razão. No plural, têm é assim, com acento.
Tem é a forma do singular. O mesmo ocorre com vem e vêm e põe e põem: Ele tem,
eles têm; ele vem, eles vêm; ele põe, eles põem.
61. A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com
estava. Portanto: A moça estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara
sangue ao filho havia (fazia) poucos meses. / Estava sem dormir havia (fazia)
três meses. (O havia se impõe quando o verbo está no imperfeito e no
mais-que-perfeito do indicativo..)
62. Não “se o” diz. É errado juntar o se com os pronomes o,
a, os e as. Assim, nunca use: Fazendo-se-os, não se o diz (não se diz isso),
vê-se-a, etc.
63. Acordos “políticos-partidários”. Nos adjetivos
compostos, só o último elemento varia: acordos político-partidários. Outros
exemplos: Bandeiras verde-amarelas, medidas econômico-financeiras, partidos
social-democratas.
64. Fique “tranquilo”. O u pronunciável depois de q e g e
antes de e e i exige trema: Tranqüilo, conseqüência, lingüiça, agüentar,
Birigüi.
65. Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa
inteiro: Andou por todo o país (pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a
tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo quer dizer cada, qualquer: Todo
homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer nação) tem inimigos.
66. “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os:
Todos os amigos o elogiavam. / Era difícil apontar todas as contradições do texto.
67. Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido,
rejeita a: Favoreceu o time da casa. / A decisão favoreceu os jogadores.
68. Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a
próprio, é variável: Ela mesma (própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas
recorreram à polícia.
69. Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o
mesmo no lugar de pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os
funcionários públicos reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores
(e não “dos mesmos”).
70. Vou sair “essa” noite. É este que desiga o tempo no qual
se está ou objeto próximo: Esta noite, esta semana (a semana em que se está),
este dia, este jornal (o jornal que estou lendo), este século (o século 20).
71. A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular
sempre: Zero grau, zero-quilômetro, zero hora.
72. A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao
encontro de é que expressa uma situação favorável: A promoção veio ao encontro
dos seus desejos. De encontro a significa condição contrária: A queda do nível
dos salários foi de encontro às (foi contra) expectativas da categoria.
73. Comeu frango “ao invés de” peixe. Em vez de indica
substituição: Comeu frango em vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao
contrário: Ao invés de entrar, saiu.
74. Se eu “ver” você por aí… O certo é: Se eu vir, revir,
previr. Da mesma forma: Se eu vier (de vir), convier; se eu tiver (de ter),
mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele fizer (de fazer), desfizer; se
nós dissermos (de dizer), predissermos.
75. Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar
conjugam-se como odiar: Ele intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar,
ansiar e incendiar também seguem essa norma: Remedeiam, que eles anseiem,
incendeio.
76. Ninguém se “adequa”. Não existem as formas “adequa”,
“adeqüe”, etc., mas apenas aquelas em que o acento cai no a ou o: adequaram,
adequou, adequasse, etc.
77. Evite que a bomba “expluda”. Explodir só tem as pessoas
em que depois do d vêm e e i: Explode, explodiram, etc. Portanto, não escreva
nem fale “exploda” ou “expluda”, substituindo essas formas por rebente, por
exemplo. Precaver-se também não se conjuga em todas as pessoas. Assim, não
existem as formas “precavejo”, “precavês”, “precavém”, “precavenho”,
“precavenha”, “precaveja”, etc.
78. Governo “reavê” confiança. Equivalente: Governo recupera
confiança. Reaver segue haver, mas apenas nos casos em que este tem a letra v:
Reavemos, reouve, reaverá, reouvesse. Por isso, não existem “reavejo”, “reavê”,
etc.
79. Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas
pessoas de querer e pôr: Quis, quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus,
pusesse, puseram, puséssemos.
80. O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui
muitos bens. Verbos em uir só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui.
Verbos em uar é que admitem ue: Continue, recue, atue, atenue.
81. A tese “onde”… Onde só pode ser usado para lugar: A casa
onde ele mora. / Veja o jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use
em que: A tese em que ele defende essa idéia. / O livro em que… / A faixa em
que ele canta… / Na entrevista em que…
82. Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é
comunicada, mas ninguém “é comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado
(cientificado, avisado) da decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou”
os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos
empregados. / A decisão foi comunicada aos empregados.
83. Venha “por” a roupa. Pôr, verbo, tem acento diferencial:
Venha pôr a roupa. O mesmo ocorre com pôde (passado): Não pôde vir. Veja
outros: fôrma, pêlo e pêlos (cabelo, cabelos), pára (verbo parar), péla (bola
ou verbo pelar), pélo (verbo pelar), pólo e pólos. Perderam o sinal, no
entanto: Ele, toda, ovo, selo, almoço, etc.
84. “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa
transgredir: Infringiu o regulamento. Infligir (e não “inflingir”) significa
impor: Infligiu séria punição ao réu.
85. A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem
pousa é ave, avião, viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a
acontecer) com eminente (ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego
(trânsito).
86. Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o
substantivo: Minha viagem. A forma verbal é viajem (de viajar): Espero que
viajem hoje. Evite também “comprimentar” alguém: de cumprimento (saudação), só
pode resultar cumprimentar. Comprimento é extensão. Igualmente: Comprido
(extenso) e cumprido (concretizado).
87. O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com
negativa: O pai nem sequer foi avisado. / Não disse sequer o que pretendia. /
Partiu sem sequer nos avisar.
88. Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma TV
em cores (não se diz TV “a” preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em
cores, desenho em cores.
89. “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo:
Causaram-me estranheza as palavras. Cuidado, pois é comum o erro de
concordância quando o verbo está antes do sujeito. Veja outro exemplo: Foram
iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” esta noite as obras).
90. A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra
próxima ao verbo não deve influir na concordância. Por isso : A realidade das
pessoas pode mudar.. / A troca de agressões entre os funcionários foi punida (e
não “foram punidas”).
91. O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou
despercebido, não foi notado. Desapercebido significa desprevenido.
92. “Haja visto” seu empenho… A expressão é haja vista e não
varia: Haja vista seu empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas
críticas.
93. A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A
moça de que ele gosta. Igualmente: O dinheiro de que dispõe, o filme a que
assistiu (e não que assistiu), a prova de que participou, o amigo a que se
referiu, etc.
94. É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da
preposição com artigo ou pronome, nos casos seguidos de infinitivo: É hora de
ele chegar. / Apesar de o amigo tê-lo convidado… / Depois de esses fatos terem
ocorrido…
95. Vou “consigo”. Consigo só tem valor reflexivo (pensou
consigo mesmo) e não pode substituir com você, com o senhor. Portanto: Vou com
você, vou com o senhor. Igualmente: Isto é para o senhor (e não “para si”).
96. Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem
tempo variam: Já são 8 horas. / Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é
meia-noite.
97. A festa começa às 8 “hrs.”. As abreviaturas do sistema
métrico decimal não têm plural nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms.”), 5 m,
10 kg.
98. “Dado” os índices das pesquisas… A concordância é
normal: Dados os índices das pesquisas… / Dado o resultado… / Dadas as suas
ideias…
99. Ficou “sobre” a mira do assaltante. Sob é que significa
debaixo de: Ficou sob a mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. Sobre
equivale a em cima de ou a respeito de: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a
inflação. E lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda. Da mesma
forma, alguém traz alguma coisa e alguém vai para trás.
100. “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A
meu ver, a seu ver, a nosso ver.
(fonte: Equipe Grau 10)