terça-feira, 19 de novembro de 2013

Chico Vagabundo


Chico Vagabundo

Caderno de poesia de Norma C.C.C. Zanatta

Nunca existiu criatura

Mais preguiçosa no mundo

Toda a gente o conhecia

Como chico vagabundo

 

Cansados de sustentá-lo

E lhe dar conselhos em vão

Seus amigos decidiram

Aplicar-lhes uma lição

 

Agarraram o indolente

E o puseram num caixão

Tendo o féretro seguido

Uma longa procissão

 

Ao passar por um estranho

Este mut comovido

Quis saber por toda a força

Quem e que tinha morrido

 

Não morreu disseram eles

Vai vivi pro cemitério

Merece bem essa sorte

Quem não leva a vida a sério

 

É um vádio um pobrezinho

Sem coragem pra viver

De que lhe serve essa vida

Se nem tem o que comer

 

Mas para resolver o assunto

O estranho se interpôs

Se é por falta de comida

Darei um saco de arroz

 

O chico que tudo ouvira

Ergue tampa do caixão

E voltando ao doador

Exige uma condição

 

Se o arroz estiver bem limpo

Aceito e fico contente

Mas se for arroz com casca

Toque o enterro prá frente

 

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