Chico Vagabundo
Caderno de poesia de Norma C.C.C. Zanatta
Nunca existiu criatura
Mais preguiçosa no mundo
Toda a gente o conhecia
Como chico vagabundo
Cansados de sustentá-lo
E lhe dar conselhos em vão
Seus amigos decidiram
Aplicar-lhes uma lição
Agarraram o indolente
E o puseram num caixão
Tendo o féretro seguido
Uma longa procissão
Ao passar por um estranho
Este mut comovido
Quis saber por toda a força
Quem e que tinha morrido
Não morreu disseram eles
Vai vivi pro cemitério
Merece bem essa sorte
Quem não leva a vida a sério
É um vádio um pobrezinho
Sem coragem pra viver
De que lhe serve essa vida
Se nem tem o que comer
Mas para resolver o assunto
O estranho se interpôs
Se é por falta de comida
Darei um saco de arroz
O chico que tudo ouvira
Ergue tampa do caixão
E voltando ao doador
Exige uma condição
Se o arroz estiver bem limpo
Aceito e fico contente
Mas se for arroz com casca
Toque o enterro prá frente