domingo, 10 de abril de 2016

Santo Antônio da Patrulha (tragédia antiga)

Santo Antônio da Patrulha
Santo Antônio da Patrulha nasceu, de uma história de ocupações de terras e de amor. Ocupação da coroa portuguesa que queria consolidar a ampliação de seus domínios frente à Espanha no século XVIII. Para Portugal, a conquista do extremo sul, além Tordesilhas, de posse e domínio da Espanha, era fundamental. Em 1680, Portugal “já encravava diante de Buenos Aires o seu posto avançado, a Colônia de Sacramento, na entrada do Rio da Prata”. A ordem da Coroa era descer, se apossar das terras disponíveis. Por volta de 1734, a Corte envia Cristóvão Pereira de Abreu e alguns auxiliares para oficializar a “estrada do sertão”. Entre os que aqui chegaram naquela época, estava o soldado pardo-forro paulista Ignácio José de Mendonça. Foi por ele que Margarida Exaltação da Cruz, mulata, filha de mãe escrava e pai açoriano, grande proprietário de terras na Lagoa dos Barros, apaixonou-se. Sesmeiro de terras na região Ignácio viveu um romance folhetinesco e agitado para época.

O pai de Margarida, Manoel de Barros Pereira, era radicalmente contra a união. Por isso, os dois acabaram casando sob a proteção do vigário de Viamão, numa história que envolveu direito canônico e uma grande paixão, apesar da diferença de idade: Ignácio tenha 50 anos, Margarida apenas 15. É ai, dia a história que, a pedido do bispo do Rio de Janeiro, o casal mandou construir uma pequena capela em homenagem ao santo de sua devoção: Santo Antônio.

Com a abertura da estrada dos tropeiros, que cortava o município, surgiu o registro, posto de pedágio para cobrança de impostos das tropas que passavam para São Paulo. Assim surgiram os nomes Guarda, registro da Serra, Guardas de Viamão. Patrulha, Guarda Velha e, em 1760, Santo Antônio da Guarda Velha de Viamão. Aos poucos o nome guarda foi substituído pelo sinônimo, Patrulha. Em 1763, Santo Antônio da Guarda Velha de Viamão abrangia toda a região que ai de Torres aos campos de Vacaria.

Ao nascer do século XIX, Portugal conquista as missões e consolida seu domínio no Rio Grande de São Pedro. Começa a divisão político - administrativo do território em municípios.

Santo Antônio é escolhido para formar, com Porto Alegre, Rio Grande e Rio Pardo, a primeira sede de vilas da Capitania, através da Provisão Real de 07 de outubro de 1809. Afinal, essas eram as maiores povoações do estado. Com a primeira Câmara instalada em 03 de abril de 1811, cabe a Santo Antônio a área que abrange todo o pé da serra, distrito serranos e litorâneos.

Em 1857, Santo Antônio perde a faixa litorânea que passa a sediar o município de Conceição do Arroio, hoje Osório.

Uma das quatro cidades mais antigas do Rio Grande do Sul, Santo Antônio da Patrulha, preparou-se para o futuro nos últimos anos através de um programa de desenvolvimento sustentado, estruturando o interior e apostando em projetos de industrialização urbana. Desde que a construção da free-way, nos anos 70, retirou boa parte de movimento para o litoral, o município voltou-se para si. Apostou na produção primária e na industrialização. Teve que conviver com o desaparecimento repentino de um enorme movimento de comércio, mas soube dar a volta por cima, redirecionar sua economia, dinamizando os setores primário e terciário.

UMA CAPELA QUE VIROU MUNICÍPIO

No início do século XVIII, alguns posseiros se adonaram de áreas que lhes pareciam ser produtivas e próprias para fixar moradia, que mais tarde lhes foram destinadas pela Coroa Portuguesa. Essas áreas eram as sesmarias. A conquista deste território não foi fácil, mas se viu fortalecida quando descobriram grande quantidade de gado, e passaram a explorar esta atividade, surgindo os tropeiros.

A Coroa logo quis partilhar desta transação e, em 1737, estabeleceu um “Registro” ou uma “Guarda” próxima ao Rio dos Sinos, distante 6 km da atual sede de Santo Antônio da Patrulha. Nesta “Guarda”, destacou-se o soldado paulista Ignácio José de Mendonça e Silva, que pediu e recebeu terras onde hoje é a cidade e arredores de Santo Antônio da Patrulha. Casou-se com a filha do rico fazendeiro Manoel de Barros Pereira ( o mesmo que deu seu nome à Lagoa dos Barros). Junto de sua morada, construíram uma capela, cujo padroeiro era Santo Antônio. Pela importância que possuía essa capela é que dizemos que a Vila de Santo Antônio da Patrulha começou ali.

Mais tarde, em 1889, D. João, como Príncipe Regente, resolveu dividir e criar, na capitania do Rio Grande de São Pedro, quatro grandes municípios: Santo Antônio da Patrulha, Rio Grande, Rio Pardo e Porto Alegre. A instalação só ocorreu após quase dois anos, em 03 de abril de 1811, quando concluíram os trâmites legais, conforme a legislação da época. Santo Antônio da Patrulha recebeu o título de “cidade” em 31 de março de 1938.

“TERRA DOCE”   OU  “DOCE TERRA”?

Entre os bens naturais que possuímos, nosso relevo e nosso solo favorece o desenvolvimento da cultura da “cana de açúcar”,  trazida pelos primeiros povoadores.  Para beneficiar a cana, consta que os primeiros “engenhos de açúcar”, de acordo com o Nobiliário Rio-Grandense, pertenciam aos portugueses Manoel e Antônio Nunes Bemfica, que aqui chegaram por volta de 1770 e se estabeleceram com fazendas de gado e engenho de açúcar.

As primeiras moendas dos engenhos contavam com o trabalho escravo e a força das “juntas” de bois.  Esta última situação, em nossa região, durou até quase a metade do século XX, a força animal foi substituído pelo óleo “diesel” e hoje pela força elétrica.  Alguns engenhos têm os diferentes tipos de força para demonstrar o trabalho tal qual era feito no passado.

Em documentos da Câmara, do 2º e 3º decênio do século XIX, (Arquivo Histórico), há registro sobre a “taxação das pipas de aguardente”, conforme os “Direitos Municipais” (imposto de um mil réis, cobrado sobre a venda de cada pipa).  Foi o primeiro produto industrializado a pagar tributo.

Por parte do Império Brasileiro, havia interesse em boa produção de cana, para tanto, adquiria de Hamburgo (Alemanha) revistas com informações que propiciassem melhorias para a industria nacional, fornecendo mudas de cana de boa qualidade.  O tipo de solo, de relevo e de clima foram preponderantes para o desenvolvimento da indústria dos derivados da cana em terras patrulhenses.   Da Secretaria da Indústria Nacional mandavam para a Província e esta enviava para cá, sugestões sobre o plantio, as diferentes espécies, ao terreno apropriado e a forma de cultivo.  Era muito citada a cultura da “Cana Caiena”. (Arquivo Histórico de S A P.).

É centenária a “fórmula” de alterar a cor e o gosto da cachaça, usando produtos naturais como a folha da bergamota para dar a cor azul e o uso das folhas de poejo e funcho para deixar adocicada.

Existe um documento datado de 1900, onde o Dr. Júlio de Castilhos (que foi Presidente Constitucional do Rio Grande do Sul, quase no final do século XIX) confirmava o recebimento de uma encomenda feita, pessoalmente por ele, ao intendente de Santo Antônio da Patrulha, Cel. José Maciel.  Referia-se a – caninha “Lágrimas de Santo Antônio” - com a qual ele gostava de brindar os amigos e companheiros mais próximos.

É notória a fama da “caninha” de Santo Antônio da Patrulha, vai bem além de nossas fronteiras e esperamos levá-la muito mais longe.

No censo do ano de 1970, quando os pequenos alambiques e engenhos foram considerados empresas, em virtude de seus produtos serem industrializados, Santo Antônio da Patrulha foi classificado entre os municípios com maior número de industrias do Estado.

O açúcar mascavo era um artigo raro no passado.  Outros produtos derivados dele foram surgindo: o “melado”, a “rapadura”...  Depois misturaram coco, amendoim, etc. Conforme a maneira de fazer, surgiram os diferentes tipos de “rapadura: puxa”, massenta, quebra-queixo, pé de moleque, puxa-puxa, pura, etc.. Refinando o produto original obtêm-se o açúcar branco.(tipo produzido pela AGASA).

O caldo de cana – a garapa –sempre foi apreciado, puro ou com misturas de limão e outras frutas, como jaboticaba, amora, etc.. Este caldo, aquecido, fermentado e destilado ganhou apreciadores rapidamente.  É a cachaça com suas variações.

Subindo a serra do “Montenegro” temos a ROTA DA CACHAÇA. Um percurso que nos faz recordar as ilhas de Açores.  As divisões entre propriedades e com a estrada são feitas de “taipa”, com certeza há bem mais de dois séculos.  O verde das matas, das plantações de cana, das árvores frutíferas e de uma centena de plantas nativas, muitas pedras ferro como que a enfeitar os gramados constituem o visual desta rota.

ASPECTOS HISTÓRICOS

IGREJA MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO – Um Belo exemplar da arte sacra. Esta bela Igreja em estilo Romano - Renascentista, foi inaugurada em 1928, sendo que suas obras foram iniciadas um século antes. Devido a isto, suas largas paredes conservam a umidade, o que danifica quase todo tipo de revestimento.

Seu interior é belo, o altar mor é de material – tijolo, cimento e gesso - com pintura imitando mármore, onde fica uma bonita estátua do padroeiro Santo Antônio, quase em tamanho natural. Os degraus do altar é em granito veneziano, a via-sacra é uma esmerada confecção artística.

CAPELA DE SÃO PAULO: Local de festas tradicionais e muita fé. A Capela de São Paulo, na localidade de Monjolo foi construída em 1922. As maiores festas realizadas nela são do padroeiro São Paulo e do Divino Espírito Santo. A festa do Divino Espírito Santo segue as tradições açorianos, muito fortes em Santo Antônio da Patrulha, resgatando sua herança cultural e religiosa.

FONTE IMPERIAL: Local de descanso do Imperador D. Pedro I. Em 1826, o Imperador D. Pedro I, ao pernoitar em Santo Antônio da Patrulha tomou água do “chafariz” que abastecia a população. Preocupado com o sistema de abastecimento de água da cidade, o Imperador autorizou a construção da Fonte. O monumento foi concluído em 1847. Nela, estão impressas as armas do império, com a inscrição “Netuno Deus dos Mares”. Da boca de um rosto esculpido em pedra ferro, jorra água permanente. A Fonte Imperial é Patrimônio Histórico, reconhecido por lei, como símbolo da cidade.  Monumento restaurado no ano de 2006. Inauguração do restauro em 21 de dezembro de 2006.

SALA AÇORIANA: Presente da comunidade Açoriana. Exposição de Quadros, trajes, postais, livros, artesanato e imagens que o povo dos Açores enviou aos patrulhenses em 21 de abril de 1991. A importância deste acervo está em resgatar as raízes açorianas na área norte litorânea do Rio Grande do Sul, bem como criar mecanismos de intercâmbio cultural entre a região e o Arquipélago dos Açores.

MUSEU ANTROPOLÓGICO CALDAS JÚNIOR: Um pedaço da História da Comunicação Gaúcha. A riqueza histórica e cultural deste museu esta o prédio que o abriga. Uma construção de estilo colonial português, de paredes externas bem grossas, feitas com pedras irregulares, barro e cal. Construída por volta de 1820, seu proprietário foi o Alferes e Vereador Francisco Xavier da Luz. Como casa do Presidente da Câmara de Vereadores hospedou o Imperador D. Pedro I, em 1826. Na década de 1870, foi moradia da família do Juiz Francisco Antônio Viera Caldas, ou Caldas Júnior, fundador do Correio do Povo, que ali viveu dos 04 aos 12 anos de idade. Possui um variado acervo e Arquivo Histórico. Eventualmente abriga exposições de artistas plásticos e artesãos.

GRUTA NOSSA SENHORA DE LOURDES: Refúgio para rezar pela Paz. A gruta Nossa Senhora de Lourdes fica num local calmo, rodeado pela natureza, ao lado de uma vertente natural que muitos considerem prodigiosa. Foi idealizada e construída em 1942, por Maria Carraro Giachino, com a colaboração dos amigos, para homenagear Maria Santíssima. Foi um local de orações durante a 2ª Guerra Mundial, onde fiéis rezavam pela paz e pelos soldados brasileiros que se engajaram na luta, ao lado dos aliados.

CASARIO DA AVENIDA BORGES DE MEDEIROS: A mais charmosa rua da cidade. Na rua grande, do “Centro Histórico Patrulhense”, encontra-se vários casarões, no alinhamento da calçada, onde se destaca o estilo luso-açoriano do início do século XIX. As casas possuem paredes externas grossas, construídas com pedra irregulares, barro e cal. Uma “Construção Quartel” que impedia o acesso de pessoas estranhas nos pátios e oferecia segurança quanto uma possível invasão. Um passeio muito recomendável.

GRUTA NOSSA SENHORA DA SAÚDE: Natureza e religiosidade. Quem aprecia a natureza é o devoto da santa que dá o nome à gruta. Visitar este local é um programa imperdível. Uma bela gruta natural, de fácil acesso localizada nas proximidades da capela São Paulo, em Monjolo. É visitada por centenas de romeiros, especialmente no dia da festa da padroeira Nossa Senhora da Saúde, 29 de novembro.

ORATÓRIO DE SANTO ANTÔNIO – De Franciscano a Casamenteiro. Santo Antônio nasceu em Lisboa e seu nome de batismo era Fernando. Era filho de uma família muito nobre e seus pais eram muito religiosos. O pai de Fernando tinha uma belíssima plantação de trigo, mas tinha muito medo que os pardais viessem roubar as sementes e pediu a Fernando que cuidasse da plantação. Seu pai pediu que ficasse espantando os passarinhos e que não se descuidasse. Mas Fernando queria ir a igreja rezar e teve uma ótima idéia. Disse Fernando para si mesma: “vou prender todos os passarinhos no celeiro enquanto rezo”. “Vamos passarinhos, depressa todos para o celeiro que eu tenho que ir rezar...” E assim aconteceu, os pássaros entraram, ele fechou a porta e foi para a igreja rezar. Seu pai que também era muito católico passou na igreja e ao ver seu filho ficou aborrecido por ele ter desobedecido. Mas Fernando disse: “Não se preocupe, posso garantir que as aves não comerão o trigo”, e levou seu pai para o celeiro onde estavam presas as aves. O pai ficou muito contente com a atitude do filho e as aves foram soltas pelo menino. Quando Fernando tinha 17 anos ele escutou uma voz que lhe disse: “Fernando, se queres ser perfeito, vem e segue-me”. Fernando entendeu o que queria dizer esta voz. Era Jesus que o chamava pois queria que ele deixasse tudo e o seguisse. Fernando foi para o convento e se dedicou a oração, estudou a bíblia e se tornou um bom sacerdote. Recebeu o nome de Frei Antônio. Como sacerdote, Fernando realizou muitos milagres que se repetiam em cada cidade onde passava. Jovem ainda, morreu santamente, pois dedicou sua vida pela humanidade e pela igreja. O oratório a Santo Antônio localiza-se nas escadarias da rua Cel. José Maciel.

PIRA DA PÁTRIA – Marco Inicial da Cidade. O local onde foi erguida a Pira da Pátria é o marco do inicio da vida administrativa da cidade. Ali Ignácio José de Mendonça e Margarida Exaltação da Cruz construíram em 1760 uma capela dedicada a Santo Antônio. A primeira Igreja do Litoral Norte que atendia religiosamente toda a região. Atrás desta capela localizava-se o cemitério. No local encontra-se uma placa de homenagem aos fundadores onde se lê: “Ao Ignácio e Margarida – Aqui em 1760 eles construíram a primeira capela iniciando o povoamento de Santo Antônio da Patrulha. Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha – Museu Antropológico Caldas Júnior -   Dezembro de 1996”

CAMINHOS DA FÉ – Espaço turístico e de orações. Com o advento do regime republicano no Brasil, em 15 de novembro de 1889, mudam –se as estruturas de poder e os municípios passam a ser administrado pela figura do Intendente (depois substituído pela figura do Prefeito). A constituição de 1891 substituiu as Câmaras Municipais pelos Conselhos Municipais. Em meio aos processos de urbanização, crescimento do comércio, instalação de poderes e desenvolvimentos da cidade foram abertas às ruas das imediações da av Borges de Medeiros e Marechal Floriano Peixoto. A rua 15 de novembro foi denominada pelo Decreto Lei nº 06 de 02 de maio de 1940. Não há neste decreto evidencias que justifiquem o nome escolhido. Entretanto, podemos compreender a nomeação, visto que a instalação da república no Brasil e na Província do Rio Grande do Sul foi fundamentada pelo modelo positivista de Augusto Conte. Uma teoria que reverencia figuras ilustres e fatos históricos, tendo por base que “cada vez mais os vivos são governados pelos mortos”. Os homens e as administrações públicas deveriam seguir o exemplo dos que já haviam partido. O leito da rua 15 de novembro estendia –se da rua Senador Pinheiro Machado até a rua Cel. José Maciel. Uma pequena travessa de 4 metros e 20 centímetros de largura que muito lembra as vielas de Portugal. Parte desta rua entre a Av Borges de Medeiros e Rua Cel José Maciel, há muito tempo estava sem uso pela comunidade, pois além de ser muito acidentada, os terrenos que a margeiam possuem testadas para outras ruas. Neste pedaço da 15 de Novembro, a Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha, através da Secretaria Municipal de Cultura, Desporto e Turismo, com o apoio da Paróquia Santo Antônio, pensou, projetou e instalou os “Caminhos da Fé”, assim denominado pelo Decreto 4.463 de 04 de maio de 2004. Ao longo deste caminho, arborizado, ajardinado e iluminado foram instaladas capelas com imagens de santos escolhidos pela comunidade. Esta iniciativa culminou com o turismo religioso desenvolvido pelo município e ofereceu aos visitantes e a comunidade um novo espaço para ser visitado, admirado, velado e orado. Sobre tudo será uma lembrança viva dos colonizadores luso-açorianos que trouxeram no coração a religiosidade seu povo.

CULTURA, TRADIÇÕES E FESTAS
A cultura patrulhense recebeu influência de vários grupos étnicos, tais como poloneses, italianos, alemães, africanos, indígenas etc... Mas predominam os elementos culturais de origens luso-acorianas. É deste que originam os:

- TERNOS DE REIS (cantigas de ciclo natalino que de casa em casa, saúdam o nascimento do Menino Jesus);

- CAVALHADAS (encenação das lutas entre mouros e cristãos);

- TERÇO CANTADO (reza do terço em forma de cantata);

- CANTIGAS DE OI-LA-RAI (cantos entoados durante as lidas de trabalhos);

- VELAÇÃO DE SÃO BOM JESUS (em agosto são feitas orações, acende-se velas por 24 horas agradecendo a graça recebida, segue-se ofertando ex-votos, leilões de prendas e até danças);

- MESA DE INOCENTES (refeição onde é servida sopa de massa com galinha e pão d’água, seguido de doces típicos à crianças de 07 anos, em pagamento de promessas);

- PÃO POR DEUS (versos para expressar carinho);

- FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO (festa em homenagem a terceira pessoa da santíssima trindade que apresenta o tradicional Quadro dos Mordomas e a Imperatriz Coroadeira);

- FOLIA DE REIS (cantoria de peditório e saudação);

- BAILE DE MASQUÊ (reorganizado pela comunidade de Vila Palmeira, onde homens, formando pares, alguns vestidos de mulher, dançam a quadrilha);

- FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO (tradicionalmente organizada por negros);

- FESTA DE SANTO ANTÔNIO (suas origens perde-se no tempo, hoje apresenta inovações com peculiaridades luso-açorianas).

CAVALHADAS

Torneio hípico. Encenação de lutas entre mouros e cristãos. Conforme tradição oral, a Cavalhada vem de Carlos Mágno e dos torneios que os “Doze Pares da França” realizavam, nos momentos de descanso entre as lutas empreendidas. O município de Santo Antônio da Patrulha é reconhecido pela riqueza, esmero e fidelidade à indumentária usada pelos guerreiros. Fazem parte das Cavalhadas dois grupos de onze cavaleiros cada.

TERNOS DE REIS

Portugal, pais fervorosamente católico, legou às terras por ele descobertas, além da língua e da religião oficial, traços de suas religiosidades populares, perpetuadas pelos descendentes dos primeiros povoadores. Entre esses traços encontram-se os Ternos de Reis. Este fato, nascido da fé e transmitido através das gerações pelas vozes dos “Tiradores de Reses”, que se fazem ouvir durante o período que antecede o Natal, até o dia de Reis, 06 de janeiro. Acompanhados por instrumentos musicais, ouve-se o canto característico “Meu Senhor Dono da Casa...” identificando uma região, uma comunidade ou até mesmo uma família. As letras dos Ternos referem-se em versos singelos ao nascimento do Menino Jesus, a passagens bíblicas, à fuga da Família Sagrada, à visita do Reis Magos e outros que variam de um terno para outro, pois geralmente os Mestres são exímios improvisadores e bons conhecedores das Sagradas Escrituras, criando seus versos de acordo com o momento. Podem também abordar alguns temas da região para homenagear pessoas presentes. Alguns versos seguem um padrão e são bastantes semelhantes aos cantados pelos antigos, no Arquipélago dos Açores. Antigamente, nos Açores, era costume cantarem-se as “Janeiras” no ultimo dia do ano. Esta característica perdeu-se com o tempo, fundindo-se com as cantigas de reis que, na véspera do “Ano Novo”, saúdam também esta importante data.

BAILE DE MASQUÊ – O Espetáculo de Dançarinos Mascarados

No Baile de Masque, somente homens dançam com máscaras e alguns fantasiados de mulher. Estes bailes surgiram na Idade Média, quando os padres proibiram as pessoas de dançarem em público. Como não respeitavam, os padres permitiram somente que os homens participassem, porque achavam lascivo as mulheres dançarem em público. D. Maria I, Rainha de Portugal, em seu reinado, também proibiu mulheres de subirem aos palcos. A partir daí começaram a surgir apresentações de rua, onde eram usadas máscaras e alguns homens vestiam-se de mulher.

Dentre os “casais” que dançam o Baile de Masque, um, em especial, se destaca. È o chamado “Barba de Pau”, pois usa uma roupa confeccionada por uma parasita vegetal de mesmo nome. Este casal movimenta-se de um lado para o outro e sua tarefa é vigiar os pares para evitar que engraçadinhos perturbem os movimentos. Mas quem acaba engraçando-se para todo mundo é a própria companheira do Barba de Pau. As máscaras são as mais bizarras possíveis. Nas roupas masculinas, destacam-se as bombachas floreadas, calças com listras largas, xadrez exagerado, fraque estilizado, sapato com polaina e chapéu de palha. Nas roupas femininas, destacam-se sapatos de salto altos, brincos, pulseiras, colares, perucas e vestidos longos. Todas as roupas são confeccionadas e adaptadas  pelas esposas, irmãs, mães, noivas e namoradas que, na hora da apresentação, sentem-se honradas em colaborar com o espetáculo.

LENDAS

LAGOA DOS BARROS – A Lagoa dos Mistérios e Aparições. Reza a lenda que, em uma noite de luar, um casal de noivos passeava pelos campos que margeiam a encosta da serra. Adormeceram e foram despertados de madruga por um estrondo pavoroso, seguindo de grandes relâmpagos que iluminavam os céus, e águas que desciam da encosta da serra. Os noivos foram envolvidos e tragados pela imensidão das águas, formando assim a Lagoa que passou a se chamar Formosa.

Naquela região, com muita freqüência, ocorriam misteriosas aparições. Em certas noites, quando menos se esperava, surgiam das trevas fantásticos cavalos brancos, montados por gênios encantados, com feições de mulheres, a galopar pelos descampados.

Manoel de Barros Pereira foi um valente fronteiro do Rio Grande e posseiro da região nordeste. Em suas andanças, se apossou da larga área de campos devolutos entre os confluentes dos rios das tainhas e camisas, na Serra das Antas. O tenente das Milícias Barros vendeu aquela fazenda e fixou-se em definitivo na fazenda da Praia, à margem da Lagoa Formosa, cujo nome passaria, mais tarde, a ser Lagoa do Defunto Barros.

A lenda mais famosa da Lagoa dos Barros, fala de um caso passional. Na década de 1930, o corpo de uma jovem foi encontrado nas proximidades. Maria Luíza foi morta pelo noivo e jogada nas águas da Lagoa. A morte de Maria Luíza nunca foi esclarecida, o que gerou a crença de que a alma da noiva ficaria vagando pelas margens da lagoa. Há noites em que ela aparece pedindo carona, evaporando-se no ar em plena viagem.

SETE FUZILADOS – Morte, Mistério e Crença. A história dos sete fuzilados é celebre em nosso município. Durante a Revolução Federalista (1893-1895) os Patrulhenses foram convidados a defender o Partido Republicano, mas foram vencidos pelos federalistas, ficando sobre o comando de Chachá Pereira. Sete jovens que lutavam na devesa dos republicanos ouviram falar das crueldades de Chachá e desertaram. Ao retornaram para suas casa seus familiares temeram a reação do comandante e trouxeram seus filhos de volta.

Chachá Pereira mandou castigá-los e posteriormente levá-los até o Cemitério Municipal. Lá Chegando, os setes jovens tiveram que abrir suas covas e depois foram enfileirados para serem fuzilados. Tiveram o direito de escolher a parte do corpo para ser atingida, mas não poderia ser a cabeça e nem o coração. Alguns tombaram ainda vivo dentro das sepulturas e foram soterrados pelos soldados que cumpriam a ordem de Chachá.

Hoje ainda encontra-se no Cemitério do Município o Túmulo dos Sete Fuziladas. Este túmulo é cuidado pela comunidade que acende velas por graças alcançadas

TEXTOS:

- Corália Ramos Benfica;
- Cristiane Pacheco Boeira;
- Paula Simom Ribeiro;
- Fernando Rocha Lauck.

REVISÃO:

- Fernando Rocha Lauck.




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