sexta-feira, 21 de junho de 2013

TERAPIA DO ELOGIO



TERAPIA DO ELOGIO - Arthur Nogueira
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Renomados terapeutas que trabalham com famílias, divulgaram uma recente pesquisa onde nota-se que os membros das famílias brasileiras estão cada vez mais frios, não existe mais carinho, não valorizam mais as qualidades, só se ouvem críticas.
         As pessoas estão cada vez mais intolerantes e se desgastam valorizando... os defeitos dos outros. Por isso, os relacionamentos de hoje não duram.
         A ausência de elogio está cada vez mais presente nas famílias de média e alta renda. Não vemos mais homens elogiando suas mulheres ou vice-versa, não vemos chefes elogiando o trabalho de seus subordinados, não vemos mais pais e filhos se elogiando, amigos, etc.
         Só vemos pessoas fúteis valorizando artistas, cantores, pessoas que usam a imagem para ganhar dinheiro e que, por conseqüência, são pessoas que têm a obrigação de cuidar do corpo e do rosto. Essa ausência de elogio tem afetado muito as famílias.
         A falta de diálogo em seus lares, o excesso de orgulho impede que as pessoas digam o que sentem e levam essa carência para dentro dos consultórios. Destroem seus casamentos, e acabam procurando em outras pessoas o que não conseguem dentro de casa.
Comecemos a valorizar nossas famílias, amigos, alunos, subordinados. Vamos elogiar o bom profissional, a boa atitude, a ética, a beleza de nossos parceiros ou nossas parceiras, o comportamento de nossos filhos.
         Vamos observar o que as pessoas gostam. O bom profissional, o bom filho, o bom pai ou a boa mãe, o bom amigo, a boa dona de casa. A mulher e o homem que se cuidam...
         Enfim, vivemos numa sociedade em que um precisa do outro, é impossível viver sozinho e feliz, e os elogios são a motivação na vida de qualquer pessoa.
         Quantas pessoas você poderá fazer feliz hoje elogiando de alguma forma? Então elogie alguém hoje!
 
autor: Arthur Nogueira, psicólogo.
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Repito aqui parte de um recado do ano passado:

Dedique mais tempo para:
- estar com a família, conversando, sem TV,
- fazer refeições juntos, à mesa.
- colocar em ordem a cozinha.
- estar na varanda ou jardim.
- rezar com e pela família.
- escrever memórias de família
- dar atenção a cada membro da família.
- apontar qualidades de cada membro da família.
- recordar, listar e celebrar datas significativas para a família.
- admoestar, refletir, incentivar e corrigir com caridade.
- escolher programas de TV ou rádio que mostrem valores e virtudes.
- presentear a família com bons livros e revistas, iniciando uma biblioteca.
 
Dedique um dia especial cheio de surpresas, mimos, agrados,
 recados e destaque para cada um da família –  ser “Estrela por um dia”
 
Crie oportunidades para cada membro da família partilhar medos, angústias, alegrias, histórias, e sonhos e projetos.
Leia ou conte histórias para os pequenos, antes de dormir.
Prepare três folhas para serem preenchidas por todos da família, durante a semana:
1ª - Elogios - Que bom!
2ª - Críticas - Que pena!
3ª - Sugestões - Que tal?

Família é a primeira escola de vida e de fé.
A escola e a igreja vão confirmar o que os filhos aprendem em casa, com os pais.
O que se aprende na infância, mesmo que descuidado na juventude, retorna na idade adulta.
 
Paz nas mentes e corações, paz nas famílias e nações!
"Levai a todos um raio da ternura do Coração de Jesus"
Abençoados dias, noites e madrugadas frias!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

HISTÓRIA DO POVO ZANATTA


A ENXADA E A LANÇA

A África antes dos portugueses

História do Povo zanata

 

...Quando os azenegues conquistaram Audagoste, a aparência da cidade – “encantadora”, segundo Ibne Hawkal – era a de um vergel. Onde os nômades, muito provavelmente, se guardaram de viver. Acampavam à sua borda, em tendas ou em precários abrigos de caniço e de ramos. Mas tinham sob controle o acesso à urbe e lhe taxavam o comércio, cuja prática deixavam nas mãos dos zanatas. 

“Gana” – ensina-nos Al Bakri, no seu famoso Livro dos itinerários e dos reinos – “ é o título usado pelos reis de um país cujo nome é Aucar.” Essa denominação real, que significava “chefe de guerra”, não era a única. Ao soberano davam-lhe também as designações de tunca e caia-maga, ou caia-manga, “o rei do ouro”.

... e grupos humanos, que lhe pagassem tributo e lhe pudessem fornecer soldados para a guerra, servidores para a corte, levradores para os campos reais. As campanhas militares expansionistas tinham por escopo, assim, conquistar gente. Mas as terras acompanhavam os novos súditos, vassalos e servos.

Parte da atividade militar concentrava-se em defender o reino de seus vizinhos – como Tacrur, Gaô e vários outros – que perseguiam o mesmo objetivo de ampliar as suas próprias redes de fidelidade política. E a maior preocupação consistia em resguardar das ambições dos berberes os portos caravaneiros da margem meridional do Saara.

Entre os berberes figuravam os azenegues, asnagas ou sanhajas, senhores do deserto, desde o uede Dara ou Dráá, ao norte, até o Sael, ao sul, e do Atlântico até o Hoggar. Os azenegues dividiam-se em grandes grupos, que, em geral, se hostilizavam mutuamente, mas podiam formar passageiras federações. Tão efêmeras, muitas vezes, quanto a paz entre as tribos de que se compunha cada um daqueles grupos. E eles eram: logo abaixo dos Oasis meridionais do Marrocos, os lantas e os jazulas; mais para o sul, os fornecedores de guias para as caravanas e seus protetores ou atacantes, os massufas; ao longo do litoral atlântico, os judalas; no Adrar mauritano e no Tagante, os lanturnas.

De rostos cobertos com um véu – que os árabes chamavam de litham - , os azenegues, com seus camelos, controlavam não apenas as rotas das cáfilas e os oásis, e os poços do deserto, mas também as grandes minas de Tagaza e outros depósitos de sal-gema, formados em depressões onde outrora houvera lagos.

Donos do sal, detinham os sanhajas a mola do comércio transaariano. Os grandes mercados, no entanto, estavam, nas cidades do sul do Magrebe, nas mãos dos berberes zanatas, e no Sael, em parte nas dos saracolês.

Na segunda metade do século IX, os azenegues assenhoreavam-se pela primeira vez do nó caravaneiro de Audagoste, uma pequena cidade, fundada talvez um ou dois séculos antes, mas que já seria um centro agrícola, artesanal e mercantil de importância, uma das principais portas do comércio com o Sudão. Daí por diante, e por muito tempo, Audagoste progrediu, até desaparecer, uns seiscentos anos depois.

Ficava – conta – nos Al-Bakri – numa planície arenosa, ao pé de um monte desnudo de qualquer vegetação. Mas ao redor da cidade havia bosques de tamareiras. E nela não escasseava a água doce. Cultivavam-se o milhete, as figueiras, o pepino, a hena. O gado, vacum e ovino, era abundante. O mercado vivia cheio de gente e nele se pagava em ouro. A população era de vária origem, com bonitas mulheres, de cintura fina e nádegas cheias. E por toda parte havia belos edifícios e casas elegantes.  

 


BIBLIOGRAFIA

Silva, Alberto da Costa e

 


A enxada e a lança: a África antes dos portugueses / Alberto Costa e Silva. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: EDUSP, 1992.
 
Pesquisa realizada pelo Frei Paulo F Zanatta

ORAÇÕES!


ORAÇÕES

 

           Oração a Nossa Senhora do Rosário

 

Nossa Senhora do Rosário, dai a todos os cristãos a graça de compreender a grandiosidade da devoção do Santo Rosário, na qual, à recitação da Ave Maria, se junta à profunda meditação dos santos mistérios da vida, da morte e da ressurreição de Jesus, vosso Filho e nosso Redentor.

São Domingos, apóstolo do rosário, acompanhai-nos com a vossa bênção, na recitação do terço, para que, por meio desta devoção a Maria, cheguemos mais depressa a Jesus e, como na batalha de Lepanto, Nossa Senhora do Rosário nos leve à vitória em todas as lutas da vida.

Nossa Senhora rogai por nós. Amém.

 

Oração a São Roque

 

        São Roque, que dedicastes com todo o amor aos doentes contagiados pela peste, embora também a tenhais contraído, daí-nos paciência no sofrimento e na dor. São Roque, protegei a mim, mas também aos meus irmãos e irmãs, livrando-nos das doenças infecciosas. Por isso, hoje, rezo especialmente por uma pessoa muito querida (dizer o nome da pessoa), para que fique livre do seu mal. Enquanto eu estiver em condições de me dedicar aos meus irmãos, proponho-me ajuda-los em suas reais necessidades, aliviando um pouco o seu sofrimento.
São Roque abençoe os médicos, fortalecei os enfermeiros e atendentes dos hospitais e defendei a todos das doenças e dos perigos.
Amém.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Cúpula dos Povos na Rio +20 (declaração final)



DECLARAÇÃO FINAL

CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL

EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA.


Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os

bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.

Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.

A dita "economia verde" é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.

A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo

paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do "Bem Viver" como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.

Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.

Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:

 Contra a militarização dos Estados e territórios;

 Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;

 Contra a violência contra as mulheres;

 Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;

 Contra as grandes corporações;

 Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;

 Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;

 Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;

 Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;

 Pela garantia e conquista de direitos;

 Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;

 Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;

 Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;

 Pela democratização dos meios de comunicação;

 Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;

 Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

Em pé continuamos em luta!


Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.

Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

Revisão total sobre a natureza


REVISÃO TOTAL SOBRE A NATUREZA 09/06/2011

A ecologia humana é “uma necessidade imperativa”, afirma a embaixadores

 (ZENIT.org) - Bento XVI reafirmou nesta quinta-feira a “necessidade imperativa” de estabelecer a “ecologia humana”.

Segundo o pontífice, as prioridades políticas e econômicas devem ser “adotar em tudo uma maneira de viver respeitosa com o entorno e apoiar a pesquisa e o uso de energias limpas, que preservem o patrimônio da criação e não sejam perigosas para o homem”.

O Papa dirigiu-se em discurso a seis novos embaixadores que apresentavam suas credenciais no Vaticano hoje, de: Moldávia, Guiné Equatorial, Belize, Síria, Gana e Nova Zelândia.

O Papa falou da ecologia no discurso geral lido aos embaixadores, apesar de ter entregue a cada um deles um discurso específico sobre a realidade dos países representados.

Bento XVI afirmou que é necessário “revisar totalmente nosso enfoque da natureza”. “Esta não é unicamente um espaço a se explorar, ou lúdico. É o lugar de nascimento do homem, sua ‘casa’, por assim dizer. É essencial para nós”.

“A mudança de mentalidade neste âmbito, ainda com as contradições que carrega, deve permitir chegar rapidamente à arte de viver juntos, que respeite a aliança entre o homem e a natureza, sem a qual a família humana corre o risco de desaparecer.”

“Deve ser realizada, portanto, uma reflexão séria e devem ser propostas soluções precisas e viáveis. O conjunto dos governantes deve se comprometer a proteger a natureza e a ajudar a que desempenhe sua função essencial na sobrevivência da humanidade.”

O Papa indicou a ONU como “o marco adequado desta reflexão, que não deverá se obstaculizar por interesses políticos e econômicos cegamente partidários, para dar prioridade à solidariedade sobre o interesse particular”.

Bento XVI falou ainda sobre o “justo lugar da técnica” na atividade humana.

“A base do dinamismo do progresso corresponde ao homem que trabalha e não à tecnologia, que não é mais que uma criação humana.” 

Apostar tudo na técnica e na tecnologia, ou acreditar que são o único agente do progresso ou da felicidade, implica uma “coisificação do homem, que conduz à cegueira e à miséria”.

“A técnica que domina o homem o priva da sua humanidade. O orgulho que gera faz nascer em nossas sociedades um economicismo intratável e certo hedonismo que determina os comportamentos.” 

Segundo o Papa, o enfraquecimento da primazia do humano traz consigo uma confusão existencial e uma perda do sentido da vida.

“Porque a visão do homem e das coisas sem referência à transcendência desarraiga o homem da terra e, mais fundamentalmente, empobrece a própria identidade.”

“É, portanto, urgente chegar a conjugar a técnica com uma forte dimensão ética”, disse.

“A técnica deve ajudar a natureza a prosperar na linha querida pelo Criador. Trabalhando assim, o pesquisador e o cientista aderem ao desígnio de Deus, que quis que o homem seja o cume e o gestor da criação.“

“As soluções baseadas neste fundamento protegerão a vida do homem e sua vulnerabilidade, assim como os direitos das gerações presentes e as vindouras. E a humanidade poderá continuar beneficiando-se do progresso que o homem, pela sua inteligência, consegue realizar”, afirmou o Papa.

Bento XVI pediu que todos trabalhem na promoção de um humanismo respeitoso da dimensão espiritual e religiosa do homem.

“Porque a dignidade da pessoa humana não varia com a flutuação das opiniões. Respeitar sua aspiração à justiça e à paz permite a construção de uma sociedade que promove a si mesma, quando apoia a família ou rejeita, por exemplo, a primazia exclusiva das finanças”, disse.

Rio +20


Frei Betto

 

Desafios à RIO+20

Iniciada há poucos dias, Rio+20 abrigará chefes de Estado, e ambientalistas e movimentos sociais na Cúpula dos Povos. O evento corre o risco de frustrar expectativas caso não tenha, como ponto de partida, compromissos assumidos na Agenda 21 e acordos firmados na Eco-92 e reiterados na Conferência de Johannesburgo, em 2010.

Há verdadeira conspiração de bastidores para, na Rio+20, escantear os princípios do desenvolvimento sustentável e os Objetivos do Milênio, e impor as novas teses da “economia verde”, sofisma para encobrir a privatização dos recursos naturais, como a água, e a mercantilização da natureza.

O enfoque dos trabalhos deverá estar centrado não nos direitos do capital, e sim na urgência de definir instrumentos normativos internacionais que assegurem a defesa dos direitos universais de 7 bilhões de habitantes do planeta e a preservação ambiental.

Cabe aos governos reunidos no Rio priorizar os direitos de sustentabilidade, bem-estar e progresso da sociedade, entendidos como dever de garantir a todos os cidadãos serviços essenciais à melhor qualidade de vida. Faz-se necessário modificar os indicadores de desenvolvimento, de modo a levarem em conta os custos ambientais, a equidade social e o desenvolvimento humano (IDH).

A humanidade não terá futuro sem que se mudem os padrões de produção, consumo e distribuição de renda. O atual paradigma capitalista, de acumulação crescente da riqueza e produção em função do mercado, e não das necessidades sociais, jamais haverá de erradicar a miséria, a desigualdade, a destruição do meio ambiente. Migrar para tecnologias não poluentes e fontes energéticas alternativas à fóssil e à nuclear é imperativo prioritário.

Nada mais cínico que as propostas “limpas” dos países ricos do hemisfério Norte. Empenham-se em culpar os países do hemisfério Sul quanto à degradação ambiental, no esforço de ocultar sua responsabilidade histórica nas atividades de suas transnacionais em países emergentes e pobres. Há que desconfiar de todas as patentes e marcas qualificadas de “verdes”. Eis aí um novo mecanismo de reafirmar a dominação globocolonialista.

O momento requer uma convenção mundial para controle das novas tecnologias, baseada nos princípios da precaução e da avaliação participativa. Urge denunciar a obsolescência programada, de modo a dispormos de tecnologias que assegurem o máximo de vida útil aos produtos e beneficiem a reciclagem, tendo em vista a satisfação das necessidades humanas com o menor custo ambiental.

À Rio+20 se impõe também o desafio de condenar o controle do comércio mundial pelas empresas transnacionais e o papel da OMC (Organização Mundial do Comércio) na imposição de acordos que legitimam a desigualdade e a exclusão sociais, impedindo o exercício de políticas soberanas. Temos direito a um comércio internacional mais justo e em consonância com a preservação ambiental.

Sem medidas concretas para frear a volatilidade dos preços dos alimentos e a especulação nos mercados de produtos básicos, não haverá erradição da fome e da pobreza, como preveem, até 2015, os Objetivos do Milênio.

Devido à crise financeira, parcela considerável do capital especulativo se dirige, agora, à compra de terras em países do Sul, fomentando projetos de exploração de recursos naturais prejudiciais ao meio ambiente e ao equilíbrio dos ecossistemas.

A Rio+20 terá dado um passo importante se admitir que, hoje, as maiores ameaças à preservação da espécie humana e da natureza são as guerras, a corrida armamentista, as políticas neocolonialistas. O uso da energia nuclear para fins pacíficos ou bélicos deveria ser considerado crime de lesa-humanidade.

Participarei da Cúpula dos Povos para reforçar a proposta de maior controle da publicidade comercial, da incitação ao consumismo desmedido, da criação de falsas necessidades, em especial quando dirigidas a crianças e jovens.

Educação e ciência precisam estar a serviço do desenvolvimento humano e não do mercado. Uma nova ética do consumo deve rejeitar produtos decorrentes de práticas ecologicamente agressivas, trabalho escravo e outras formas de exploração.

Enfim, que se faça uma reavaliação completa do sistema atual de governança ambiental, hoje incapaz de frear a catástrofe ecológica. Um novo sistema, democrático e participativo, deve atacar as causas profundas da crise e ser capaz de apresentar soluções reais que façam da Terra um lar promissor para as futuras gerações.


Frei Betto é escritor e religioso dominicano. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Foi assessor especial da Presidência da República entre 2003 e 2004. É autor de "Batismo de Sangue", e "A Mosca Azul", entre outros.